Por que pensar a cidade para crianças?
No Brasil, mais de 80% das crianças vivem em cidades, onde ruas movimentadas, poucas áreas seguras para brincar e a falta de infraestrutura acessível são desafios. A maioria dos espaços urbanos foram projetados sem considerar as necessidades das crianças, limitando a autonomia infantil.
Mas e se planejássemos as cidades a partir do olhar das crianças?
A Iniciativa Cidades Amigas das Crianças (Child Friendly Cities Initiative), promovida pelo UNICEF, busca criar cidades e comunidades mais seguras, inclusivas e adequadas para crianças e adolescentes.
Um dos principais objetivos da CFCI é garantir espaços seguros e inclusivos, criando ambientes urbanos que promovem o bem-estar infantil.
O Urban95, iniciativa da Fundação Bernard van Leer, propõe um novo olhar para o planejamento urbano: enxergar a cidade da altura de uma criança de três anos (95 cm) para criar espaços mais acolhedores e inclusivos.

Segurança e autonomia: cidades onde as crianças podem ser crianças
Uma cidade amiga das crianças permite que elas se movimentem com liberdade e segurança. A infraestrutura deve priorizar calçadas largas, ruas arborizadas, travessias seguras e espaços de convivência acessíveis.
Além disso, esses espaços garantem iluminação adequada, sinalização clara e policiamento comunitário como medidas para que famílias sintam mais segurança para permitir que seus filhos explorem a região.
Espaços que estimulam o desenvolvimento infantil
Brincar é essencial para o crescimento saudável de qualquer criança. No entanto, muitas cidades não oferecem espaços adequados para essas atividades.
Uma cidade inclusiva para os pequenos investe em áreas de lazer bem distribuídas, com diversidade de brinquedos, contato com a natureza e oportunidades para interações sociais.
Ao integrar esses espaços às rotinas das famílias, as cidades se tornam mais vivas, dinâmicas e acolhedoras.
Mobilidade ativa
A cidade amiga das crianças é aquela em que escolas, oportunidades culturais e unidades de saúde estão sempre por perto, ao alcance de uma caminhada ou acessíveis por transporte público.
O conceito de cidade de 15 minutos, que aproxima as pessoas dos serviços e reduz a dependência de automóveis e longos deslocamentos diários, é fundamental para garantir a inclusão infantil no espaço urbano.
Iniciativas como ciclovias seguras e ruas compartilhadas entre pedestres e ciclistas têm ganhado cada vez mais força, garantindo que crianças possam se locomover com segurança.
Participação das crianças no planejamento urbano
O Projeto Cidade das Crianças, do pedagogo italiano Francesco Tonucci, promove a participação infantil nas decisões sobre melhorias urbanas.
O projeto busca dar voz às crianças, valorizando suas percepções, ideias e sugestões. Esse envolvimento resulta em cidades mais acolhedoras, criativas e adequadas para todos.

Viver a rua: cultura e lazer
Eventos culturais, e programações infantis são essenciais para fortalecer a relação entre as famílias e a cidade.
Assim, é importante que os bairros contem com uma agenda de atividades gratuitas. Essas experiências ajudam a fortalecer o senso de comunidade e pertencimento dos pequenos.
Uma vida urbana mais humana começa pelas crianças
“Assumir as crianças como ponto de referência significa não esquecer de ninguém, nem mesmo dos animais e das plantas.”
– Francesco Tonucci, pedagogo italiano fundador do projeto “A cidade das crianças“
Quando pensamos as cidades para as crianças, estamos criando espaços mais acessíveis, saudáveis e inclusivos, incentivando a mobilidade sustentável, fortalecendo a comunidade e melhorando a qualidade de vida em todas as idades.
Investir na infância significa investir no futuro das cidades.
Deixe um comentário